sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Violino na TV


Lembrei daquelas borboletas que vinham vezenquando
repuxar os cantos da boca, bem que por esses dias elas podiam aparecer
e enfeitar um pouco mais,
as ponho aqui dentro e sinto o riso,
não só repuxam um esboço de sorriso,
gargalham em cada pedaço de carne e sei que elas têm
olhinhos de ramos de maracuj, olhinhos de nostalgia batida com morgue e duas pedras de gelo
mas por esses dias, aceito o gosto de unha roída e nervosismo sem açúcar.

domingo, 4 de outubro de 2009

Musiquinha de fundo(04/07/09)

Nas conchas e colheres se refletia a imagem maculada
de olheiras pontuais abaixo de olhos soturnos.
Tinha formigas por todo o lugar, até no pensamento
elas faziam questão de estar, passeavam por todo o corpo, e não
adiantava matar uma, duas, eram bilhões de formigas que irritavam o dia inteiro
De boca aberta pra tentar comer a imagem refletida naqueles metais,
e ninguém podia vê-la, como uma síndrome de Dorian Gray tentava escondê-la
enquanto nela os cabelos escuros e agora maiores já cobriam parte de um dos
ombros,
O que mais pesava era não ver pessoa alguma naqueles olhos, era não ter
alguém fincado naqueles grandes olhos negros
e era engraçado até, ver o mesmo rosto tantas vezes deformado, tantas vezes diluído,
embaçado, possuído de uma vontade de ser possuído,
e era só um rosto refletido em frigideiras, panelas, conchas e colheres,
era bem capaz de ser.